Em cega imposição, capricho, egoísmo atroz quer desterrar-me de mim mesmo, pois leva consigo tudo que fiz, tudo que acumulei em longa e eterna jornada.
No cativeiro de seus caprichos insanos, impiedosamente quer levar consigo minha subjetividade, a identidade essencial que me permite reconhecer-me em mim.
No burburinho da demanda interna, tento juntar forças, lançar o meu grito de alerta para identificar no eco distante a noção de mim mesmo, sem a qual caminharia cego nos nevoeiros do mundo.
Quisera então estar remanseado na curva do rio, onde repousam corpos cansados de correr na vertigem dos dias.
Na paz do remanso, meu Ser iberna e se fortalece, neste breve remansear, em um desejo imenso de me reencontrar.
No remanso do rio há um lugar silencioso e tranqüilo, onde repousam as almas fatigadas de tentar escapar aos demônios da inveja – veneno mortal. Daqueles que perderam ou não querem encontrar o dom de ser quem são em Si mesmos.
Preferem viver dos SONHOS DOS OUTROS.
Na curva do rio há um remanso, e minha alma se aquieta - uma vez refeita, nela mesma posso finalmente reencontrar a liberdade de Ser quem Eu Sou. E nesta paz momentânea encontrar a ponte da travessia essencial.
Então alcanço o paraíso de ser Eu, já que tão perdido da minha força e vontade me encontro a remancear. Que este chegar seja feito de calmaria, e que a fome de amor que me toma seja celebrada em um banquete no reencontro com quem Eu Sou.
Numa louvação do si mesmo.
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